Do Rio pra Sampa

Eu tive um sonho assim: minha alma foi além
Enchendo o caderno de rima, expondo minha vida
Crio um Frankenstein
Ouvi Racionais, Gênesis, mano, Big Bang
Quanto tempo foi? Eis-me aqui, medo, não tem
Nasci na cigana, a vida se engana, a estrada me chama
Meu sangue, meu drama, diamante na lama, eu tive que morrer
Sem trampo e sem grana, o tempo se engana
Xará me ligou me me disse: «a cena tá fraca, irmão, bora fazer um EP»
Me dê de volta um coração
Porque o meu eu perdi nas viagens da vida
É, me dê mais um coração
Porque esse não dá conta da minha partida
Quem é que tem verdade no coração?
Você tem que ter verdade no coração
Eu deixei tudo pra trás e fui atrás
São coisas que me satisfaz
Eu fui em busca de um som
Se a minha alma canta, meu coração tá bem
Pra que tanta cobrança? Essa canção tá sem
Eu trouxe esse mundão pra compensar que você não vem
Segunda-feira eu volto, meu coração também
Se foi o sol, e a noite cai bem
Quando acordei, amanheceu
Eu finjo bem, pelo menos não fujo
A água inundando a casa gritando: «acorda, marujo!»
Olhe em cada estrela, escolha a sua e aguarde no olhar
Mas não se deixe levar por aquela preguiça do sol de segunda-feira
Seja forte no caminho, espinho também tem rosa
Não se curve, porque por aqui as curvas são perigosas
Do Rio pra Sampa é samba
Os pés se cansam a cada canção
De metrô em metrô, fiz do fone o andor
Escrevendo na palma da mão, é
E na saudade caminho mais um pouco
Vim no cerol e sozinho, mó sufoco
Pai, paguei meus carmas, meus pecados, dá meu troco
Se vier de papo torto, ó amor, vai pipoco
Definição é o fim do som, pra culpa falta o choro
Inspiração sem ligação, perdoos dão retornos
Tente, mas sem emoção, ego aqui já não tem mais espaço
Vi minha frieza boiando no rio Tietê
E Narciso afogado nas águas de março
Se a minha alma canta, meu coração tá bem
Pra que tanta cobrança? Essa canção tá sem
Eu trouxe esse mundão pra compensar que você não vem
Segunda-feira eu volto, meu coração também
Se foi o sol, e a noite cai bem
Quando acordei, amanheceu