Lo-fi

Vejo tudo tão claro, ninguém me tira deste trilho
Tenho um bom faro
Banha activa, rap livre venho soltar
E o teu indicador 'pa mim esticado a apontar
Porque é que perdes o teu tempo a julgar-me
Se eu já vou no submarino amarelo a afundar-me?
A bela no castelo e o monstro a mostrar-me
Como eu sou feio sem ele no espelho se estudar
Que cenas tão bonitas que eu vejo no dark
Dispo a minha máscara, o jeito e o sotaque
Fico bué panasca a beber leite e a chorar
Se isto não der pasta o meu filho vai gozar-me
Por isso fico triste e evito falar-me
É que eu sou tão crítico que só vim pa' calar-me
Imolo-me a mim próprio só pa' que alarme
As próximas cópias do prof em desarme
Chupa trinca e morde com esses dentes de sabre
Só c’a minha morte é que a tua boca não se abre…
Por isso diz o teu «rest in peace» como se eu já não existisse
Publica no mural que hoje ‘tás um pouco triste
E dá o teu respeito como se eu pa' longe partisse…
'Pó morto há respeito imagina se aplicássemos
A lógica que o vivo tinha o direito ao me’mo!
Talvez o teu desenho passasse a ser tipo um Picasso
E a história que vem de ser humano não tinha h pequeno!
E se o tópico te choca, como faz uma galinha
Por ser utópico e pode nunca vir a ser verdade
Então coloco o presente e o passado numa linha:
— Aquilo que vives hoje em dia nunca foi imaginado!
Mete a mente no ginásio pa' levantares estas barras
Bom karma é nutrição, drogas é tipo a jarda
As costas tão na merda, ‘tou na posição do Atlas
Enfermeira enferma, tive que lhe tirar a farda
Solto fios de esperma com um bom bico dessa gata
Nunca lhe pedi nada, ela veio cá dar-ma
Ela sabe o Darma, ela muda de arma
Ela veio mudar-me a vida…