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Antigamente

Antigamente

Francisco Gaspar Gisela João Ricardo Parreira Rogério Ferreira Tiago Oliveira

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Meu velho Fado Corrido
se foste dos mais bairristas
porque te mostras esquecido
na garganta dos fadistas?
Explicou-me um velho amigo
como o Fado era tratado
Tinha graça, o Fado antigo
da forma que era cantado
Um ramo de loiro à porta
indicava uma taberna
À noite era uma lanterna
com sua luz quase morta
Como o fado tudo «importa»
foi sempre a taberna abrigo
do meliante ao mendigo
da desgraça e da miséria
Também tinha gente séria
explicou-me um velho amigo
Sob os cascos da «vinhaça»
deitada em forma bizarra
estava sempre uma guitarra
para servir de «negaça»
O canjirão da «murraça»
de tosco barro vidrado
andava sempre colado
aos copos p’lo balcão
E era assim nesta função
como o Fado era tratado
Se aparecia um tocador
às vezes até «zaranza»
pedia ao tasqueiro a banza
para mostrar seu valor
Pouco tempo decorrido
cheia a taberna se via
p’ra escutar a cantoria
ao som do Fado Corrido
Todos prestavam sentido
quando alguém cantava o Fado
O tocar era arrastado
o estilo dava a garganta
E hoje pouca gente o canta
da forma que era cantado
Escutei com atenção
um cantador do passado
e a sua linda canção
prendeu-me p’ra sempre ao Fado
Por muito que se disser
o Fado é canção bairrista
Não é fadista quem quer
mas sim quem nasceu fadista
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