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Do Pó ao Que Pode Ser Milagre

Do Pó ao Que Pode Ser Milagre

Arit Fraj

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Barco furado não é submarino
Borbulho, fugi da ilha
A ponte quebra e tu se lança
Num só tiro
Exposto e frágil
Ouve o ruído inaudível
Em meio a tanto barulho e vai
Do pó ao que pode ser milagre
Por em obra, por a prova
Máquinas não desligam
Cegos com esperanças no colírio
Do lixo ao quilate ao calibre
O que te para?
O que te faz tremer e desistir?
Ressuscitar é um soco
Ruir e o minimo
Tenho minha fé de volta
Não levantaras do chão
Da origem ao princípio
Eu roía os dedos
Porque unhas não bastam
O sol nasceu ao meio dia
Ninguém mais enxerga filma
A maré se inclina sob a lua
Mas há quem dom
Raios e grandiosas ondas
E a tempestad cobre o céu
Como o suor cobre a testa
De quem foge
Mas e quem fica?
O pouco fôlego de quem balbucia
Inabalável mesmo ferido
Vaiado
Aplaudido
Medite e não medique-se
Perante a luz terrível
Todo joelho dobra
Toda alma agita-se
Treme, desiste
Isolado no próprio umbigo
Netflix
Codeína
Santa erva maldita
Troca a bússola pela âncora
Quem atira sabe o risco
Quem avista o desafio e trava
Ou vive cansado
Ou explode a têmpora
O medo amarra e faz correr
Coragem guerreiro, lembras
Não és o ultimo nem o primeiro
Flechas contra mim arremessadas
São impotentes
Pois deságuo, fluo
Tal calendário úmido
Logo fóssil e logo é súbito
Fulminante
Converso com Deus todos os dias
(Sinto muito, sinto muito)
Ouso ser divino
Divido e multiplico
Salgo a lesma e a carne no domingo
Fui pego no ato e tu dormindo
Na semana leões no labirinto
E se cada leão for eu mesmo?
Ela finge o orgasmo e tu conta:
Gozou três vezes
Odeia o ex pois não serves pra nada
Portanto cala-te, percebes tua nítida fraqueza
És menos que o cuspe do que nada vale
Abaixo do nível do meio fio
Maquina que pifa quando precisa
Sonambulo em stand by
Não sabes o que e entrar em colapso
Fruity loops, crackeado
Drumm kit ímpar
As mãos de Tiago sob o estrondo
Abençoam cada silaba, cada timbre
Iluminam, emociona a Monalisa
Pedrada na lente de contato
Pano de fundo cromakey
Desatei os nos do carcere
Me vi sobre pocas cristalinas
Onde relampeja mas o sol rega o que precisa
Tantas bolas num fino quando tinha quinze
Adolescência vingativa
Como toda juventude é
O rancor escure os olhos
Ressentimento os comprime
Não mais me culpo
Sem venda, cegueira
Esmago os vermes na ferida
Fogo brando, cauterizo
Ouço o que ecoa da caverna
E se cada leão for eu mesmo?
Sucumbe a pedra mais antiga
As cabeçadas na parede que não cede
Nasci antes do mês previsto
Jogo a moeda:
Ansioso mas no domínio
Flerto com a corda bamba e vejo tu caindo
Talvez precises de novos olhos
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