Ah, meu sertão véio sofredô! Terrazinha pesada da gota! Terra mole, vote…
Quando chove lá, chove prá derreter tudo. A terra vira lama, a cheia acaba com
os pobres, açudão pro mundo… Aquilo num é nem chuva, é dilúvio!
E quando não chove é mais pior meu chefe! É o verão brabo! Torrando tudo,
lascando, acabando com o que era verde! Home… Pulo verão no meu sertão,
de verde só fica mesmo pano de bilhar, óculo reiban e pena de papagaio!
É um desadouro meu chefe!
Ah, Sertão Veio sofredor!
Inté Paulo Afonso, que era a redenção do Nordeste, virou coisa de luxo.
Só tá servindo móde iluminar as cidade grande
Cadê as fábrica?
Cadê as indústria?
Cadê as coisa boa anunciada pro Nordeste?
E se vier outra seca lascada?
Ah! Ah! É uma praga meu chefe…
Ah! Sertãzinho sofredor…
É por isso que eu canto:
Posso falar? — Pode…
Quero falar
Do meu sertão
Meu sertãozinho
Desprezado como o que
Peço a atenção
De toda gente
Pra minha terra
Terra do meu bem querer
Matéria-prima
Tudo temos de primeira, sim
Valor humano
Gente honesta e ordeira também
O que nos falta então
É uma ajuda leal
Do grande chefe
Do governo Federal
Pois é…
Quero falar
Do meu sertão
Meu sertãozinho
Desprezado como o que
Peço a atenção
De toda gente
Pra minha terra
Terra do meu bem querer