Ontem voltando pra casa
Eu encontrei um sorriso
Mas era branco e faltavam
Todos os dentes do siso
Logo vi
Mas que paúra
Quem era
Fruto ou cabeça
Olha os ossos
Digo pra caveira:
«Eu quero ser
Ou não quero ser»
E a caveira diz:
«Cê tá sozinho
Sozinho, infeliz»
Digo pra caveira:
«Quero saber o que é poesia»
E a caveira mostra
A luz idiota do dia
Ontem morrendo de sono
Eu vi a branca fumaça
Parece um gênio maligno
Que dorme em banco de praça
Peço ao gênio
E raspo a lâmpada
Touro branco
Diz a verdade
Saia já
Peço ao zé mané
Quero pegar aqui na tua mulher
E o índio morto diz:
«aprende quando e o que ela quer»
Peço e dou um charuto
Quero morder, comer, beber desse fruto
Mas o encosto diz:
«cadê o ano, cade meu almoço?»
Peço ao psiquiatra:
«Posso sair sem pagar a consulta»
Peço a quem me mata